Os Chacras como portais de iniciação
A associação de arquétipos aos chacras não é um conceito novo, tendo sido desenvolvido por Ambika Wauters, na obra “As várias etapas da Autodescoberta” onde relaciona 14 arquétipos aos respetivos chacras, numa visão polarizada de arquétipos saudável ou desequilibrado.
Na terapia alquímica, a associação dos arquétipos aos chacras tem uma
matriz trina, e não binária, como na visão de Waters. Aqui, cada chacra tem a
si associados 3 arquétipos: 2 polarizados, por excesso e por defeito e 1
unificado, marcando o equilíbrio entre os outros dois desequilibrados.
Os arquétipos polarizados associados aos chacras corporificam os
desvios que impedem a transcendência dos processos sugeridos a cada fase para
outros mais elevados, num sentido de evolução integral. Ou seja, é
evidentemente difícil que uma pessoa ainda mergulhada no arquétipo vítima, logo
ainda a debater-se com questões eventualmente ligadas a aspetos básicos de
sobrevivência, tenha o arquétipo do chacra seguinte, o sacro, em expressão
equilibrada, revelando perfil do arquétipo unificado, o Criativo. Naturalmente,
questões estruturais da personalidade, como o assumir a responsabilidade por si
mesmo são condição sine qua non para progredir para níveis mais elevados. No
momento em que esse trabalho se consolida, ou seja, no momento em que a pessoa
atinge determinado nível na expressão do arquétipo unificado, neste caso, o
Emancipado, dá-se uma iniciação que abre portas para novos patamares
evolutivos, e o Criativo encontra espaço para se desenvolver.
Em determinados níveis da personalidade este processo pode ser
visto desta forma mais linear, considerando que cada chacra será um patamar
evolutivo, sendo que o desenvolvimento em equilíbrio do anterior irá implicar o
seguinte. Contudo, em outros níveis, cada chacra sugere um desenvolvimento
independente que não ocorre necessariamente na sequência e ordem linear
referida, do básico ao coronário.
Será natural também encontrar flutuações anacrónicas relativamente
ao desequilíbrio dos chacras. Determinadas fases da vida irão suscitar trabalho
relativo a uma chacra em particular, que até então poderia revelar uma aparente
tranquilidade.
Há outro aspeto importante a ter em conta no trabalho desenvolvido
com base nos arquétipos. Este prende-se com os diversos graus em que um
determinado arquétipo pode manifestar-se. Por este facto é fundamental
enquadrar e integrar o processo na vida concreta, ações e emoções do paciente.
Poderá haver uma forte negação ao reconhecimento do arquétipo se não houver um
entendimento destes graus de manifestação, podendo estes serem mais subtis ou menos
flagrantes. Reconhecer o tirano em si, poderá ser complicado se não houver a
compreensão da subtileza com que este pode atuar. Lembremos que os arquétipos
são uma forma representativa e algo extremada de um conjunto mais ou menos
complexo de características, por isso, nem sempre um vítima será aquele que de
forma flagrante vai estar sempre a culpar tudo e todos pelos seus infortúnios,
mas poderá manifestar o Vítima de forma mais subtil, em emoções de revolta
relativamente a acontecimentos que parecem fugir ao seu controlo. Há que
entender que na base desta postura está a recusa em assumir a responsabilidade
por si mesmo e suas circunstâncias, logo uma atitude típica do Vítima.
Mónica Guimarães
Comentários
Enviar um comentário