Quando a palavra é Verbo

 As palavras são continente que recebe o conteúdo das nossas intenções. São portadoras de significados, concreto e abstrato, de tudo aquilo que conhecemos como realidade.

A palavra dá corpo, dá substância à intenção, dá-lhe consistência e sustenta sua força. Acolhe, como um útero, um impulso de vida que gera uma nova criação.

Saber usá-la é fundamental, pois através dela criamos nossa realidade, logo sua qualidade, como boa semente, determinará a propriedade da colheita.

O seu uso inconsciente pode revelar-se dramático, tanto para quem a profere, como para quem é alvo de palavras mal ditas. Por isso o uso da palavra implica responsabilidade, pois esta tanto constrói, como destrói.

A Iniciação do Mestre acontece quando este adquire a sabedoria inerente ao bom uso da palavra. Quando ele compreende as reais implicações da sua ação dirigida. A palavra dita cura, modifica a realidade, molda a energia em novas combinações, que se manifestam em realidades renovadas. O Mestre faz da palavra Verbo. E o Verbo é manifestação de Deus na substância viva. É o Arquétipo O Instrutor, Gabriel.

Gabriel traz, puras e sem distorções, as intenções do Pai, pelas palavras da Mãe. Traz até nós o Verbo de forma a que seja inteligível.

Nas verbalizações alquímicas, cada palavra é vista como um recetáculo de uma intenção que desejamos o mais pura e justa possível.

Assim, o uso das palavras nestas verbalizações não é aleatório, mas sim preciso e pré-determinado. Há determinadas expressões que serão repetidas em todas as verbalizações, no mesmo formato, pelo facto de constituírem pré-requisitos fundamentais para as intenções verbalizadas.

A parte final das verbalizações é sempre a seguinte:

“pela ação justa do ser e pelo Fogo Vivo, uma Graça concedida!”

Esta expressão tem três elementos fundamentais:

1.                   Ação justa

2.                   Fogo Vivo

3.                   Graça

São os três elementos indispensáveis à alquimia. Em síntese para que a alquimia aconteça o ser deve ter uma ação justa, despertar em si, o Fogo Vivo e aceitar a Graça. 

Vamos ver o que significa cada aspecto. Estes aspectos têm naturalmente uma afinidade com a Chama Trina e com os atributos inerentes aos seus Raios constituintes.

Ação justa

Considera-se a ação justa aquela que está imbuída de Justiça. Aqui a ação é sagrada, entrou no domínio do símbolo. Cada ato do ser é um manifesto de intenção consciente e verdadeira. Esta ação pressupõe uma fusão das polaridades. Ela é o próprio caminho do meio, a síntese em ação dos desvios reconciliados. É quando o ser age de forma diferente, sua ação já não é resultado do passado que fez trauma, que sentenciou ou no mínimo ditou tendências. A ação justa é caminho justo. São passos que obedecem a uma consciência renovada que se elevou acima das suas máculas.

Este aspeto tem afinidade com o Raio Azul da Chama Trina. Não é um aspeto estático ou passivo, implica movimento, novas escolhas, um fazer diferente. Expressa-se fundamentalmente na psique, nas escolhas e comportamentos.

A Graça

Esta acontece quando a psique silencia e o corpo aceita e relaxa nesse silêncio. Aparentemente receber uma graça é receber algo sem nada ter feito para isso, mas na realidade, aquilo que havia a fazer já foi feito, por isso a Graça vem.

Maria é cheia de Graça. E Graça é amor, dádiva e nutrição constantes. Sermos agraciados depende apenas do nosso estado de recetividade, pois a Graça é emanação incessante para quem se abre a Ela.

Nesta realidade assenta a inclusão da Graça nas verbalizações, pois sem a ação desta, a alquimia não acontece. Antes da Graça atuar, muito processo cognitivo pode ser feito, muita compreensão, muitas mudanças conscientes podem ser tentadas, mas as reincidências em velhos padrões vêm relembrar que o processo ainda não está concluído.

A Graça é uma energia terna e cândida, chega de mansinho, só porque a aceitamos em nossa vida. Ela é efetivamente um Presente.

Assim, toda alquimia é vista como uma Graça Concedida.

Naturalmente, corresponde ao Raio Rosa da Chama Trina. É um aspeto passivo, de recetividade e aceitação. Expressa-se fundamentalmente no corpo e nas emoções.

Os processos associados ao perdão iniciam-se na psique, tem a ver com ação justa, mas só se completam efetivamente no coração, quando o corpo deixa de vibrar na emoção agregada, e as entranhas evacuaram todos os resíduos, aqui temos a graça da libertação, que é perdão efetivo, não apenas um processo volitivo mental.

Fogo Vivo

O “Fogo Vivo” é o Arquétipo Instrutor. Ele desperta na zona do cardíaco e é ativado pelo encontro feliz dos dois outros elementos. Entenda-se feliz como em sintonia perfeita, em equilíbrio, em reconciliação. Ele desperta por si, resultando de uma ação justa ativa e de uma entrega em aceitação ao poder da Graça. Ele é o resultado imediato do Perdão. Perdão de si, dos outros, de tudo, mesmo daquilo que não tem solução. É uma combustão que resulta da aceitação integral da nossa encarnação, a montante e a jusante. É uma fusão perfeita entre a aceitação de si como “filho” de seus pais e a reivindicação do seu próprio poder co criativo, ou seja, quando o “filho” se transforma ele mesmo em “Pai”. Resulta de uma paz instalada relativamente à sua ancestralidade e uma liberdade conquistada relativamente ao seu próprio caminho.

Em cada processo, o Fogo Vivo é aceso quando pela sua Vontade o ser se realinha com seu Pais espirituais pelo ponto de coesão interno que se encontra no centro do seu Ser.

As causas foram curadas, novos significados foram dados às experiências vividas, pelo que o Fogo vivo atua abrindo espaço para a programação de uma nova narrativa de vida.

O Fogo Vivo abre espaço para que o ser escreva sua própria narrativa, no presente, pois este, O Fogo Vivo, cruza o conhecimento do passado e do futuro e traz consigo reflexo iluminado das Esferas Celestes, paradigmas da harmonia da Fonte Suprema.

Tem afinidade com o Raio Dourado da Chama Trina. É o Filho que resulta da união de Pai e Mãe.


in Livro Verde das Verbalizações, Mónica Guimarães


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